Lauro de Freitas, sexta feira, 18hs. Tava na hora de ir. Meu kit mendigo aventureiro não incluia as luvas. Saí correndo para comprar um par. Num sei o que aconteceu, mas o trânsito parou totalmente. Lembrei da minha terra natal. Claudio, Alexandre e Luciana prontinhos ligando e perguntando onte eu estava. Deixei o carro no supermercado e fui a pé, era mais rápido. Cheguei na loja fechando. A luva custou 50 cruzeiros, um absurdo, é uns 80% do valor de toda minha roupa de corrida! mas valeu a pena (mais pra frente vcs vão entender)
Após todos os percalços de trânsito e burocrácticos apontei o golzinho 1992 na estrada. Quebra ventos abertos pra dar o ar nostálgico e fincando o pé no porão, o golzinho chorava mas num passava de 130! E o claudio ligando: "onde cê tá!?" E Eu: "km 60!" E ele: "Ainda!?" E eu: "tô pisando mas num vaaaiii!!!" Aquela frente quadrada segura o ar como ninguém. Bom. Nessa altura esquece janta, demorei tanto que perdi a pizza em Barra do Tariri. Briefing, foi bom rever todo mundo…Manu e Ítalo fortões, Azoubel digamos...menos forte, Saritcha continua sensacional (com todo respeito). Alexandre nos hospedou num hotel 10 estrelas. A casa dos tios dele, um casal de anfitriões especiais demais! Pessoal que lugar lindo! Melhor que o The Burj Al-Arab, em Dubai!Organizamos tudo pro dia seguinte, hora da soneca. Claudio inicia o trabalho de marcenaria no quarto. O bicho roncou tanto que até as muriçocas desistiram, foram embora. Toquei pra sala e desliguei o disjuntor. Com barulho de mar de fundo tava bem melhor... Vou dar um forward na história…. Bom começamos no remo. Pensei - que bom! Já tortura de uma vez! Fomos bem, só perdemos os atalhos, mas deu certo! Chegamos antes da Lu Radztanananvicius e do Alexandre. Correnteza, galhos, acho que isso os demais releases já falaram. Depois trotinho de volta. Eita Bahia pra ter areia! Caraiii essas estradinhas são acolchoadas, cansa muito assim, a alternativa é correr no meio da graminha, galhinhos, coquinhos, espinhos, pra dar um pseudo suporte. Detalhe: sempre enchendo o tênis de areia. Santo hipoglós! Foward: No final do trecking tinha que atravessar o rio. Mochila permeável: Resumo: A bolacha água e sal virou argamassa de farinha. O Bis ficou salgado e murcho. Pegamos as Bikes. Pra quê bike? Num dá pra pedalar! Só areião, quando pega uma terrinha mais firme fica feliiiizzz, mas aí depois da curva: Mais areião. Ouvi um barulho de motor rajando, era o Claudio. O Bichinho tava sofrendo, parecia o tecladista do Menudo, falando fininho... A Lu Radzwhatahellvicius pegou a mochila dele e foi-se embora! Nunca vi. Essa mulherada de aventura (no bom sentido) nos deixa perplexos. Como pode? Tinha monstro peludo desmaiado no chão no caminho e a loirinha firme, sem reclamar! Vai ver que é porque é leve, num afunda na areia! Claudio reergueu e chegamos no PC (sei lá que nº, nessa altura já funcionava no modo economia de energia, com o cérebro desligado) Alguém perguntou: "Como está a estrada daqui pra frente?" - e o PC respondeu: "Tá pior, tem mais areião!". Gente. Nesse momento eu broxei. Num guentava mais areião. Ptaqpariu, quem é o prefeito dessa maldição? Podia jogar umas pedrinhas pra dar uma ajuda! Tava de saco cheio de pedalar na graminha! Dito e feito, areião, areião, areião, subida, subida, sol, sol. Pensei em simular um desmaio pra ver se alguém me carregava. Mas o Samu num chega naquelas bandas... Fiquei pra trás, sentei no chão, deprimiu. Claudio deu uma força, apoiou, incentivou.. . Não sei o que aconteceu com o cara, zerou do nada! Como essas barrinhas de proteina e carbogel são bons né! Viagra de aventureiro! Fiz um coquetel e dez mins depois tava firmão. Pegamos a "Coconut Highway", uma descida linda, empolgante! Passei um monte de gente, tava me sentindo o cara! Carbogel dá barato! Cheguei na entrada de B Tariri, buuuteco com água de coco, a galera toda lá. Fui dar um pônei de pau na bicricrois e.... Voei. Por cima do guidão. Na frente de todo mundo. Chão. Fiz o check pra ver se os ossos estavam no lugar e levantei. Com o óculos torto, a moral lá embaixo. Santa luvinha salvou o ralado na mão. Neguinho engasgou de dar risada. Foi phoda, com ph. Alegria de pobre é ver tragédia. O arrepio da vergonha percorreu a espinha dorsal. Nessas horas melhor fingir que tá acostumado a voar da bicicleta, dar linha na pipa e deletar o ocorrido da memória. Pelo menos valeu o entretenimento para os demais expectadores! Enfim. Continuando - Alexandre tem corpo e resistência de carteiro, foi-se embora. Claudio idem. Que sofrimento, na estradinha de Tariri, cheio de... Areião! Alexandre teve caimbra - dei uma de solidário pra disfarçar e acompanhei ele. Na verdade tava tão derrubado quanto. Foward: Cheguemos, Gatorade (Whisky de aventureiro? ) simbora pro trecking! O sol diminuiu. Mais uns 3 km, trotinho, Alexandre ligou o GPS cerebral! Nunca vi. Aliás, já vi. Ele fez igual ao Mauro quando sintoniza a hora do Brasil. Apontou pro lado das moitas e saiu disparado. E quem quiser vem junto! Passamos por Ítalo, Sara, Manu e Tadeu (que, lógico, ainda estavam rindo da minha queda) entramos num meio de mato lascado e chegamos no PC! Engolimos essa, reconhecemos que o Alexandre foi precisamente "o cara" e segimos pro farol. Farol: Montanha subindo no escuro. Claudio deu uma topada num toco e teve câimbra, tudo junto, gritava de dor. Coitado. Demos umas cabeçadas nuns arbustos e chegamos no cemitério onde tava o PC 12. Lu sentou na tumba pra descansar, tranquiiilaa. ..lembrei do clip do Michael Jackson, ia sair uma mão seca a qualquer momento daquela tumba! O PC tava com medinho, Alexandre deu um apavoro nele, disse que tinha visto um vulto hehehe.... Foward: Fim de prova, sumiu o meu colete e o do Claudio. Não tinha mais nada, sequer água. La-men-tá-vel, a organização foi impecável e relaxou bem no finalzinho.
Tô no preju do colete. Próxima prova vou com bóia de patinho. Voltamos para a casa, a tia do Alexandre tinha feito um macarrão com molho bolonhesa cheio de carne e queijo derretido por cima. Calcula a felicidade do pião! Santos tios do Alexandre. Gente boníssima!Coca cola geladíssima e orgásmica. Barriga cheia. Banho tomado.Pra mim, o melhor da corrida de aventura é a hora que acaba.
Abraços!
Renato.
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