Retroceder NUNCA, Render-se JAMAIS e Divertir-se SEMPRE!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Release Arrasta Pé – Alagoas, 12 a 14 Março 2010 160km

Por Sara Santos


Para a primeira competição do ano 2010 combinamos, as quatro mulheres da equipe oficial, corrermos de Penélopes do Agreste, a versão feminina da equipe Aventureiros do Agreste. E para mim essa prova pode ser resumida em duas palavras: satisfação e sofrimento.
Satisfação: a corrida começou no avião mesmo, as Penélopes Lulu, Gabi, eu (Saroca) e Thays iniciamos a preparação para a prova durante o vôo, pintando as unhas de esmalte rosa chiclete. O pessoal do avião adorou, nos desejou sorte e nos alertou sobre o calor da região. Márcio e Manu foram no avião com a gente, eles correram de trio com Scavuzzi que foi de carro com nossas bikes e equipamentos mais cedo. Loucos por Aventura né?
Sofrimento: eu fiz uma viagem de trabalho e fiquei 10 dias sem correr, pedalar e nadar! Eu tinha certeza que seria uma prova muito sofrida para mim.
Satisfação: chegamos no aeroporto e fomos conduzidas ao local da prova juntamente com Manu Véio e os meninos da Makaíra num caminhão do exército! Gente foi muito legal, aquele caminhão imenso, me senti num filme, os militares foram excelentes. Nós agradecemos o apoio e a torcida. Márcio foi de carro com Scavuzzi.
Arrumamos tudo, pegamos os mapas e começamos a marcar as distâncias e azimutes. Briefing às 22h. Largada à meia noite. Corremos as quatro em direções distintas para pegar uma fita, voltar à largada e seguir de bike rumo ao PC1.
Sofrimento: fomos a última equipe a largar, minha sapatilha estava quebrada na bike e meu coração batia a mil com a corridinha que eu fiz. Minha sorte é que Manu fez o mesmo trecho e quando tudo estava escuro e com areia, ele me ajudou.
Para achar o PC1 deu um pouco de trabalho, e quando decidimos, o caminho era um morro gigante que subimos empurrando as bikes. Luciana e Gabi subiram na frente mas eu comecei a sentir dificuldade de respirar, Thays voltou e trocou a bike comigo, subimos o morro, passamos na beira de um precipício e encontramos com os meninos da Aventureiros.
Satisfação: encontramos o PC1 e seguimos rumo ao PC2. Pedala muito, Thays controlando a alimentação, Luciana navegando, Gabi botando pressão e eu suando feito uma condenada. Atravessamos a cidade, subimos outro morro, tinha equipe atrás, e o pessoal perguntando: quem tá aí? Somos nós, as Penélopes. Batemos o PC2 e seguimos para o PC3. Nós tivemos a sensação de ter gente nos seguindo, aproveitando a navegação brilhante de Lu. Mas tudo bem, deixa pra lá.
Para o PC4 mais subida, avemaria nunca vi tanta subida na mesma prova! Em compensação os downhills eram de arrepiar, a gente desceu todos, nessa hora não tinha dor certa, era só curtir o vento no rosto e a bike passando por cima de pedras. O PC5 foi um trecho mais tranquilo, pegamos uma reta e fomos embora. Chegamos na praça, deixamos as bikes e fizemos a primeira transição da prova. Sofrimento: trekking muito pesado, subida de morro (pra variar um pouco) e meu batimento subia, subia. Thays a nossa Penélope She-Ra subiu me puxando com ela, nunca vi isso, muito forte essa menina. O PC6 estava escondido numa moita, a gente deu uma xingadinha nele e continuamos. Mais subida, Gabi e Lu iam na frente, e eu com Thays. Nesse momento eu tava meio down por me sentir tão mal. O sol estava de enlouquecer, a sensação térmica era de mais de 40oC e ainda não tinha dado meio dia! Os pés ferviam, o suor não resfriava o corpo. Pedi a Thays que diminuísse o ritmo, não adiantaria as três irem na frente, teríamos que fazer a prova juntas, caso contrário eu não chegaria ao final.
Paramos para descansar 5 minutos sentadas na sombra de uma árvore. As meninas aproveitaram para passar protetor solar, comer, fazer xixi, essas coisas de meninas.
Satisfação: Lulu teve uma sacada genial e cortamos um trecho do caminho, já saindo dentro da fazenda onde estaria o PC7. Tinha uma casinha, pedimos água e molhamos o corpo, nossa que alívio. Seguimos com os squeezes cheios e o corpo mais frio. No PC7 vimos que a Aventureiros tinha passado há 20 minutos, renovamos a energia “vamos catar esses meninos!” e saímos no trekking de volta à praça. Ficamos maravilhadas quando passamos de trekking por uma ladeira que tínhamos descido de bike à noite, muito legal! Quando entramos na cidade lá estavam eles tomando um refrigerante, que dividiram com a gente, tão solidários (e a gente querendo ultrapassar eles!!, rsrsrs). Gabi e Thay tomaram uma cerveja (acreditem, essas Penélopes estão mais para Dick Vigaristas) e eu e Lu olhamos o mapa. Nessa prova Lu ficou muito parecida com Mauroba, a gente falava e ela não respondia. Arregalava os olhos e dizia umas coisas fora da conversa. Eu ein... melhor não fazer movimentos bruscos né? Então eu reduzi minha participação a pitaquinhos quando ela pedia, para não atrapalhar a navegação. Voltamos à praça, compramos picolé, água gelada e seguimos para a segunda perna de bike. Os meninos tiveram que ficar para trocar um pneu furado. Seguimos para o PC9. Na estrada, Thay parou para comprar um óculos escuro e fizemos a formação em linha para aproveitar o vácuo, ventava muito e pedalamos o trecho todo assim, coisa bonita de se ver, as 4 camisas rosas sempre juntas. Entramos na estradinha, e começamos a subida de outro morro, a essa altura eu já xingava todos os nomes feios que eu conheço. Era um empurra bike danado. Gabi disse “Saroquinha tente pedalar, coloque a marcha mais leve e pedale bem devagar, dói menos do que empurrar” eu fiz e não é que a danada tava certa? Os trechos que dava a gente pedalava subindo mas tinha horas que era para empurrar mesmo.
Paramos para descansar, Lu deu a louca e disse para tirarmos os coletes de prova que ela iria cortar todos. Gente que mudança, parecia que tinha ligado um ventilador em cada uma. Descansamos mais um pouco, comemos um monte de coisas. Mas o pior ainda estava por vir. Chegamos num povoado, pedimos água de novo e constatamos que o melhor caminho até o PC9 seria subir um outro morro.
Sofrimento: meus pés estavam cozidos, meus ombros doíam de tanto empurrar bike subindo ladeira. Atravessamos a cerca do pasto carregando as bikes, e claro a nossa She-ra comandou o espetáculo de força e agilidade. Thay você é uma monstrinha, mas é uma monstrinha cor-de-rosa! Só para vocês terem uma idéia, esse morro não tinha trilha marcada como os outros, era lugar de boi pastar e não de gente passar. Como diz Lu, na corrida a gente vira bicho!
Aqui eu tive o momento mais sofrido de toda a prova. Meu coração parecia que ia sair pela boca, fiquei com medo de ter um piripaque. Thays e Gabi subiram as bikes delas enquanto Lulu ficou comigo para eu respirar. Depois as duas desceram e nos ajudaram a subir, levando as nossas bikes!! Essa Gabi é mamãe-do-agreste mesmo! Conseguimos chegar em cima e adivinha só: mais subida! Pqp isso não acaba nunca! Andamos uns trechos alternando entre subidas e planos. Chegamos ao local onde seria o PC e nada, procura aqui, ali, acolá. Thays viu uma casa ladeira abaixo, eu enxerguei um carro e na verdade era uma lona preta cobrindo alguma coisa. Desce ladeira, sobe ladeira de volta e a equipe Limite Infinito nos ultrapassou. Pegamos o PC9 em 6º lugar e continuamos para o PC10.
Satisfação: o PC10 era a transição de bike para remo. Chegamos e as quatro tiveram que remar separadamente com o caiaque duplo. Foi um trecho muito bom, todas fizeram rapidamente e depois remamos juntas com um bote. Eu nunca tinha entrado em um bote, eu e Gabi fizemos um leme meia boca tentando manter a direção, pegamos o virtual e voltamos. Depois comemos uma comida do bar e seguimos adiante. Aqui nesse PC encontramos a Extreme, a Aventureiros do Agreste e a Carbono Zero.
Saímos do PC10 escurecendo e fomos buscar o PC11. Pegamos o caminho correto do mapa, subimos uma estradinha e tinha uma casa. O dono nos disse que a partir dali não existia mais trilha e que deveríamos voltar. Lu achou melhor a gente não rasgar mato e seguimos o conselho do senhor. Fizemos uma volta e continuamos subindo ladeiras. Eu perguntava “Lu essa ladeira tá no mapa? Tem certeza? Não tem assim um caminho plano, só por acaso?” E tome mais ladeiras. E ela sempre dizia “gente essa é a última viu?” Não dava 20 metros e começava a subir novamente. Entendemos a psicologia da coisa toda e não perguntamos mais nada. Chegamos num povoado completamente isolado e sem uma alma viva, chamamos e ninguém respondeu. Só os cachorros se manifestaram, correndo e latindo. E nós latíamos de volta pra eles. Super agressivas, rsrsrsr. Continuamos pedalando para o PC11, Thays perguntou a Lu se faltava muito e ela sempre dizia “já tá perto, tá chegando”, aí Thays vinha pra mim “falta muito Saroca?”, “Falta sim Thay, ainda falta uns 8Km”, hahahaha. No caminho do PC11 encontramos a carbono zero já voltando, pegamos o PC11 numa estradinha e para chegar lá tivemos que descer um single track e eu só pensava na volta, subir empurrando a bike. A essa altura queria jogar Clotildes num buraco e esquecer que sabia pedalar. Estávamos em 5º lugar. De volta à estrada principal, erramos o caminho e resolvemos parar para descansar. Dormimos 15 minutos, e retomamos. Encontramos a Gantuá voltando. Angelo disse que o PC12 tinha sumido mas que agora o organizador já tinha colocado outra pessoa. Continuamos pedalando e encontramos o carro da organização. A prova seria finalizada no PC12 devido ao horário. Somente uma equipe completou a prova 100% que foi a Makaíra. Eles fizeram uma excelente prova!
Satisfação: carbono zero ainda não tinha chegado ao PC12, a gente reanimou de um jeito “vamos que esse 4º lugar é nosso!”. Mas o PC12 estava em cima de um morro. Aff, eu não aguentava mais. Dizia “Gabi eu vou cair e não levanto mais!”e Gabi super aventureira dizia “Cair nada, vamos ser 4º porra!”.
Subimos o morro empurrando a bike. Gabi foi na frente com Thay. Lu ficou comigo, subindo mais devagar. Chegamos ao topo do morro e procuramos o PC. Nada. Gritamos o PC. Nada. Não é possível que esse PC sumiu de novo. Grita, grita e de repente se acendeu uma luzinha bem próxima de nós. O danado do PC estava dormindo!
Satisfação: Quando assinamos o papel estávamos em 4º lugar na prova Arrasta Pé de Alagoas. Que emoção! Que virada! Agora era pedalar até a cidade próxima e esperar o carro da organização levar a gente pra a escola onde foi feita a largada. Márcio Xuxu do Agreste e Manu Véio do Agreste vieram nos buscar. As Penélopes foram dormindo no banco de trás do carro, uma por cima da outra com um fedor tão insuportável que os meninos tiveram que desligar o ar condicionado e abrir as janelas, hahaha.

LuluQuilda do Agreste: excelente navegação. Você foi brilhante! Soube conduzir a equipe muito bem. Navegou muuuuuiiiiiiito! Botou um monte de marmanjo no bolso.

Gabi mamãe-do-agreste: muito competitiva, estava sempre à frente puxando a equipe. Adorei correr com você mais uma vez.

Thays She-Ra do Agreste: descobri uma pessoa extraordinária e uma excelente atleta e o melhor de tudo: super humilde. Thay adorei te conhecer, correr com você e agora ter mais uma amiga aventureira. Quero pedalar, correr, fazer trekking e ter força igual a você! Sou sua fã!

Manu Véio, Márcio Xuxu e Scavuzzi: foi muito legal encontrar com vocês ao longo da prova. Obrigada pela torcida! Vocês são nota 1.000! Obrigada a Scavuzzi por ter levado as nossas bikes de carro e pelo apoio moral no PC10, foi muito importante quando você me disse que não forçasse, que estávamos bem e era só manter o ritmo. Nessa hora eu me dei conta que estávamos competindo com gente grande, equipes fortes e que não estávamos tão mal assim. Valeu!! A Manu Véio obrigada pelas palavras de incentivo a cada encontro. Adoro você!!


Aos militares e à Débora, que foi nossa anfitriã, meu agradecimento por tudo que fizeram para que nos sentíssemos em casa.


Meninas: MUITO OBRIGADA PELA EXCELENTE PROVA!


SAROCA do AGRESTE: a patricinha casca grossa!

Um comentário:

  1. Penélopes Maravilha!!

    Excelente prova..mas difícil e dura, uma das mais 'pancadas' que já fiz.
    Parabénssss!! Vcs arrasaram, não, vcs arrasam.. e vieram p/ ficar! Mostrem a força das unhas cor de rosa!rsrsrs
    Sou fã.

    Deborah Feiden

    ResponderExcluir